terça-feira, 28 de junho de 2011

LOBA VESTIDA COM PELE DE ONÇA

            É incrível como sempre aparecem os aproveitadores de plantão. Em todos os segmentos da sociedade existem os aproveitadores para todas as ocasiões, inclusive quando ocorrem tragédias. Isso me faz lembrar a música "De frente pro crime", de João Bosco, que diz: "Tá lá o corpo estendido no chão. Em vez de rosto uma foto de um gol. Em vez de reza a praga de alguém, e um silêncio servindo de amém. O bar mais perto de pressa lotou; malandro junto com trabalhador. Um homem subiu na mesa do bar, e fez discurso pra vereador...". A letra retrata uma realidade comum, principalmente nas grandes cidades brasileiras - diante de um crime apareceu até quem fizesse discurso político.

            Mas não é só com as tragédias que brotam os interessados no lucro fácil. Preservação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Proteção da Natureza, Defesa do Meio-Ambiente, enfim, assuntos tão sérios e que vieram para ficar, tem atraído um sem-número de exploradores da consciência alheia e garimpeiros do dinheiro público. ONGs têm sido criadas com o único propósito de sugar os recursos de empresas e governos e jogá-los nos próprios bolsos. Claro que a maioria tem trabalhado com seriedade e cumpre suas finalidades com lisura. Todavia, embora a área de atuação da S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas seja, a priori, o Sul e o Extremo Sul da Bahia, vamos postar parte de uma matéria da Revista Veja que nos mostra uma triste verdade, espalhada por todo território nacional, inclusive nas duas regiões em que atuamos: a existência da "banda podre" da militância ambientalista. O título da matéria é: "Caçadora em pele de ambientalista". Leia a reportagem:


Beatriz Rondon
             "Por trás da máscara de protetora da fauna, a fazendeira Beatriz Rondon promovia safáris em sua fazenda, recebendo caçadores que pagavam 30 000 dólares para matar onças-pintadas: Beatriz Rondon, dona de uma fazenda de 35 000 hectares no Pantanal de Mato Grosso do Sul, era citada como um exemplo de protetora da fauna, principalmente das onças-pintadas. Ex-presidente da Sociedade para a Defesa do Pantanal e parceira de ONGs ambientalistas como a Conservação Internacional, ela dizia defender, em suas palavras, 'a natureza e a cultura pantaneiras'. Na semana passada, revelou-se que a militância ecológica de Beatriz era uma farsa e que, há pelo menos quinze anos, ela ganhava muito dinheiro permitindo a caça às onças-pintadas numa fração de sua fazenda que constitui reserva privada natural estadual. Isso é crime. A lei proíbe qualquer tipo de caça em território nacional. Um vídeo entregue à Polícia Federal, em denúncia anônima, mostra que ela recebia visitantes, a maioria deles estrangeiros, que pagavam 30 000 dólares para abater onças a tiros. O pacote incluía um jato particular pra levar os caçadores até o Pantanal, armas, guias especializados e estadia em pousadas, como a que fica na propriedade de Beatriz. Às vezes, ela própria atuava como guia para rastrear os animais na mata, com a ajuda de cães...".

            Aí está uma "loba" literalmente vestida com pele de onça - esta (a onça, claro) vítima não apenas do tiro disparado por um caçador cruel, mas, também, da farsa que está por trás de alguns movimentos ambientalistas. A S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas estará denunciando, doa em quem doer, todos os tipos de crimes ambientais que estão ocorrendo no Sul e Extremo Sul da Bahia, inclusive a destruição acelerada da Mata Atlântica pela plantação de eucaliptos. 


Valerio HAFNER - Presidente
Chavannes - Suíça


REFERÊNCIAS

VILICIC, Filipe. Caçadora em pele de ambientalista, Revista Veja, Editora Abril, edição 2217, ano 44, nº 20, 18 de maio de 2011, p. 146.

Blog Nova Ótica: foto de Beatriz Rondon (blog consultado no dia 28/06/2011, às 11:21 h).

sábado, 25 de junho de 2011

O Greenpeace é um grande monstro verde?

            Fundei a ONG "S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas" no dia 02 de janeiro de 2003 e, no dia 07 de janeiro de 2003, portanto apenas cinco dias depois, filiei-me ao Greenpeace, conforme Nº de Sócio: 47016.

            ¹"Em 1971 dois jovens movidos pela paixão e pela vontade de preservar o Planeta Terra embarcaram em um navio em direção ao Alasca com o objetivo de parar os testes nucleares que seriam conduzidos na ilha de Amtchika. Estas pessoas eram os canadenses Paul Watson e seu parceiro Robert Hunter. Neste mesmo ano estas duas personalidades acabariam encabeçando a criação da ONG mais conhecida do mundo, o Greenpeace. Seis anos mais tarde, os dois ambientalistas decidem deixar o Greenpeace...", informa Vinicius Wundervald. 

Paul Watson: "Criei o o grande monstro verde"
             Em entrevista à Superinteressante da Editora Abril, Paul Watson, perguntado sobre o que tinha mudado na ONG Greenpeace desde a sua fundação em 1971, respondeu: ²"Hoje o Greenpeace é uma corporação burocrática que arrecada 200 a 300 milhões de dólares por ano e está mais interessada em levantar dinheiro vendendo produtos do que em salvar a Terra. Os ativistas deixaram a entidade, que foi tomada por burocratas, contadores e advogados. Nas campanhas eles mostram fotografias de 20 anos, porque não têm nenhuma nova. Me sinto como o doutor Frankenstein - criei o grande monstro verde. Eu os chamei, numa entrevista, de 'garotas-Avon do movimento ambientalista', porque vão de porta em porta pedindo dinheiro. Nunca me perdoaram por isso."

            Não posso interferir no parecer do Capitão Paul Watson, quando ele afirma que o Greenpeace é um monstro verde. Só sei dizer que muita coisa essa ONG tem feito em favor do meio ambiente. Porém, lembro-me que certa vez, ao pedir apoio do Greenpeace para as atividades da S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas, fui informado de que eles só atuam em protestos que envolvam crimes ambientais de impacto mundial. Até hoje não entendi esse argumento. E olha que fiz o pedido como um filiado do Greenpeace e sendo a área de atuação da nossa ONG vastíssima, pois envolve o Sul e Extremo Sul da Bahia. Não sei o que eles consideram "crimes ambientais de impacto mundial". Será que na mentalidade dos dirigentes do Greenpeace a matança de baleias produz mais impacto em nosso planeta do que a destruição dos recursos hídricos, pela devastação da mata ciliar e poluição, por exemplo? Sim, a proteção das baleias também é um dos nossos objetivos, mas os nossos parceiros do Greenpeace poderiam saber que grandes impactos começam com pequenos crimes ambientais.

            De qualquer forma, embora não tenha condições de interferir na opinião do fundador do Greenpeace, particularmente não acredito que essa ONG seja um "monstro verde". Vejo nela, sim, uma grande parceira em potencial. Quando ela tomar conhecimento dos crimes ambientais que andam sendo praticados nas regiões Sul e Extremo Sul da Bahia - áreas que a S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas nasceu para defender - então irão perceber que somos também defensores, não apenas de um espaço geográfico específico, mas de todo o Plante Terra.

Valerio HAFNER - Presidente
Chavannes - Suíça


REFERÊNCIAS:

¹WUNDERVALD, Vinicius. wundervald.blogspot.com (site consultado no dia 25/06/2011, às 19:05 h).

²SUPERINTERESSANTE. O Navegador Paul Watson, Editora Abril, super.abril.com.br  (site consultado no dia 25/06/2011, às 19:18 h).

DREAMSTIME, segunda imagem: monstro verde (site consultado no dia 25/06/2011, às 18:50 h). Obs: nome Greenpeace acrescentado à imagem por mim.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Boto é encontrado morto na Praia do Cristo em Ilhéus

          A notícia chega aqui após vinte dias do fato ocorrido. Mas essa é uma daquelas situações que não deve ser jogada no mar do esquecimento. E um dos objetivos da S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas é este: trazer à memória da sociedade, em tempo e fora de tempo, as notícias de impacto ambiental nas regiões Sul e Extremo Sul da Bahia.  

          No momento em que o boto foi encontrado boiando morto nas águas da Baía do Pontal, estava ocorrendo a 1ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Triathlon Olímpico em Ilhéus. Era o dia 04 de junho de 2011, e eu estava lá. As pessoas, quando perceberam o infeliz achado, correram para ver o boto morto - a maioria, claro, por mera curiosidade, sem ter a consciência da gravidade daquela situação. O boto provavelmente morreu por ter ficado preso em redes de pesca que são armadas regularmente na área, o que gera um sério problema de impacto ambiental. Alice Villiane do Nascimento, Tenente do 5º Grupamento de Bombeiros Militares de Ilhéus, Graduanda em Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Santa Cruz,  e Membro da S.O.S. Mangues e Vidas Aquáticas, tentou de várias formas fazer a necropsia do boto, com o acompanhamento de um Médico Veterinário, mas não teve condições técnicas para tal. A morte do boto ocorreu justamente na véspera do Dia do Meio Ambiente, uma triste ironia, mas que nos leva à reflexão: a natureza está pedindo socorro!  

            ¹"O boto é um mamífero da ordem Cetacea, nativo da Amazônia e das costas do Atlântico, Pacífico, Índico, Mar Adriático, Mar Cáspio, Mar Vermelho e Golfo Pérsico. Os botos são dos poucos únicos mamíferos dessa ordem vivendo exclusivamente em ambientes de água doce, sendo considerados por alguns zoólogos como as espécies atuais mais primitivas de golfinhos.

            O boto-cinza, golfinho-tucuxi ou tucuxi (Sotalia fluviatilis, da família Delphinidae) é dividido geralmente em duas subespécies, uma marinha e outra fluvial. A marinha, S. f. guianensis, distribui-se no Atlântico, a partir de Florianópolis (Santa Catarina, Brasil) para o norte. A aquática, S. f. fluviatilis, vive nos rios da Amazônia. O boto-de-burmeister (Phocoena spinipinnis, da família Phocoenidae) é marinho e vive a partir de Santa Catarina para o sul. O boto vermelho ou boto cor-de-rosa, (Inia geoffrensis, da família Platastanidae), de água doce, é endêmico dos rios da Amazônia, e está colocado na categoria vulnerável da UICN. Também vulnerável (ameaçado no Brasil) é o boto-cachimbo, toninha ou franciscana (Pontoporia blainvillei, Platastanidae), marinho, que vive desde o Espírito Santo, para o sul."

Comparação do tamanho do boto relativamente a uma figura humana

         
 Valerio Hafner - Presidente
Chavannes - Suíça


REFERÊNCIAS

¹Wikipédia (site consultado no dia 24/06/2011, ás 15:50 h).
Foto do boto copiada do site Pimenta na Muqueca, no dia 24/06/2011, às 16:37 h.